Serão os políticos, como disse Woody Allen, as pessoas que transformam as soluções em problemas?
"No meio do caminho tinha uma pedra; tinha uma pedra no meio do caminho" - escreveu Drummond de Andrade. Qual o peso de uma pedra na vida de uma pessoa? E de uma cidade?
João Boavida, subscritor do texto "Pelo direito à cultura e pelo dever de cultura!" publicou recentemente duas crónicas do Diário As Beiras, a partir de agora disponíveis também no AMIGOS DA CULTURA, na secção "Outros Textos".
Na primeira, apela à necessidade de a autarquia ter vistas largas na forma como encara a definição da sua política cultural: "Coimbra não pode viver culturalmente atrofiada; é afronta do seu passado e hipoteca do seu futuro". A sua ambição, acrescenta, "deve ser nacional, não pode limitar-se à etnografia e ao folclore, por muito que isso seja respeitável. Não chega." Citando o maestro Virgílio Caseiro, da Orquestra Clássica do Centro, Boavida conclui: Coimbra tem "obrigação de se transformar em centro de criação cultural".
Na segunda crónica, intitulada "Uma pedra no caminho", o autor reflecte sobre "o absurdo" que tem marcado a actuação do actual executivo autárquico em matéria de política cultural - uma "política de trazer por casa". Afirmando que o texto dos AMIGOS DA CULTURA, "quer a autarquia de Coimbra queira quer não, é sintoma de um grande mal-estar", conclui, com imagens fortes e sugestivas: "tanto o aprendiz como o político sabido interiorizaram uma importância que lhes enche peito e cabeça de um dever que por vezes não é mais que gosto de mando, excitação erótica diferida e só serve para os transformar em transtorno público. Como um mecânico que em vez de lubrificar os motores se entretivesse a gripá-los, ou um cantoneiro cujo trabalho fosse colocar pedras no meio da estrada."
Quinta-feira, 14 de Fevereiro, 1:13h.