José António Bandeirinha: "é preciso saber investir com qualidade"


Está já on-line a intervenção de José António Bandeirinha, Pró-Reitor para Cultura da Universidade de Coimbra, no debate "Cidade, arte e política: o valor estratégico da cultura", realizado no passado dia 20 de Fevereiro.

Partindo da dicotomia entre "a cidade existente" e "a cidade projectada", Bandeirinha define a transformação como uma matriz estruturante da cultura urbana - "a matriz da evolução permanente, da crítica e da construção de novas coisas". Neste sentido, destaca a necessidade de "projectar com racionalidade". "Temos que antever coisas, temos que saber prever como é que vai ser o futuro, temos que saber qual é o papel das actividades humanas, entre as quais a cultura, nesse ciclo de transformação, temos de fazer projecto", acrescenta o arquitecto.

Aplicada à cultura, esta racionalidade implica que não adianta pensar em investimentos isolados. É necessário que o investimento seja integrado e "articulado com todas as outras dinâmicas da actividade política autárquica, universitária, o que quer que seja". Até porque, justifica o Pró-Reitor, a cultura é um dos factores mais importantes do desenvolvimento das cidades e um factor fundamental em várias dinâmicas de investimento: "o investimento cultural não é um investimento isolado num determinado nicho de uns intelectuais que conhecem umas coisas mais do que os outros, é um investimento concertado, que tem que entrar bem no eixo da actividade de uma determinada instituição política".

No que diz respeito ao tipo de intervenção que as instituições públicas podem ter na área da cultura, Bandeirinha recusa os discursos e as práticas "de oposição" entre públicos, dando o exemplo do que se passa em Espanha: "as mesmas pessoas que enchem as praças de touros e que enchem os campos de futebol estão nas grandes salas de ópera, estão nos grandes centros de arte contemporânea". Se houver oferta, conclui, "as pessoas vão a tudo. As pessoas escolhem, qualificam a oferta. É preciso é saber investir com qualidade nessa oferta e, sobretudo, não esbanjar o investimento".

O texto de José António Bandeirinha é a segunda intervenção do debate a ser disponibilizada neste blog, depois da de António Pedro Pita, Director Regional da Cultura do Centro. Na nova página do debate estarão em breve disponíveis todas as intervenções iniciais e aquelas que foram feitas a partir da plateia, onde poderão ser lidas ou ouvidas.


Segunda-feira, 10 de Março de 2008, 11:14h.