Presidente da câmara exalta dinamismo cultural que se vive na cidade de Coimbra

Dois dias antes do debate promovido pelos críticos, Encarnação enumerou os "grandes arquitectos" envolvidos em várias intervenções na cidade

Em vésperas do debate público sobre O valor estratégico da Cultura, marcado para amanhã, o presidente da Câmara de Coimbra voltou, ontem à noite, a exaltar o dinamismo cultural da cidade. O pretexto foi a entrega do Prémio Municipal de Arquitectura, conquistado pelas equipas projectistas da Entrada Poente do Parque Verde e da recuperação do edifício do Laboratório Chímico: "Gostaria de saber que outra cidade mobiliza, ao mesmo tempo, tantos e tão grandes arquitectos", desafiou Carlos Encarnação.
O Prémio de Arquitectura Diogo Castilho acabara de ser entregue às duas equipas que o conquistaram - a de Gonçalo Byrne, José Laranjeira, João Nunes e Carlos Ribas, pela intervenção na área envolvente ao Convento de Santa Clara-a-Velha; e a de João Mendes Ribeiro, Desirée Pedro e Carlos Antunes, pela remodelação do edifício que acolhe o Museu da Ciência, na Alta Universitária.
Mas, ao intervir, Carlos Encarnação, cujo executivo foi classificado como "tendencialmente destruidor do potencial de criação artística de Coimbra" pelos promotores do debate agendado para amanhã, não se limitou a elogiar os vencedores. Enumerou os nomes de Byrne e Mendes Ribeiro, sim, mas também os de Siza Vieira, Carrilho da Graça e Alves Costa, "todos eles envolvidos" em outras tantas "tarefas de reabilitação ou de construção" em curso na cidade. "Citar isto é citar um grande programa que está em curso", frisou Encarnação.
Há cerca de um mês, dias antes da apresentação pública do manifesto Pelo Direito à Cultura e pelo Dever de Cultura! - mas numa altura em que já se conhecia o movimento para a sua subscrição -, o autarca aproveitou a visita do Presidente da República, Cavaco Silva, para sublinhar "o dinamismo cultural de Coimbra". Foi isso mesmo que lembrou ontem: "Já o fiz, na altura, e agora volto a perguntar: que outra cidade mobiliza, ao mesmo tempo, tantos e tão grandes arquitectos?", insistiu.
A existência - ou não - de um programa e de uma estratégia culturais em Coimbra é uma das questões que amanhã serão analisadas no debate que, a partir das 17h00, reúne, no Teatro Académico de Gil Vicente, Manuel Maria Carrilho, deputado e ex-ministro da Cultura; António Pedro Pita, director regional da Cultura; José António Bandeirinha, pró-reitor para a Cultura da Universidade de Coimbra; José Reis, economista; e Paula Abreu, socióloga.
O manifesto, em que a câmara é acusada de não ter "um plano estratégico cultural para a cidade", de "asfixiar os recursos e agentes culturais" e "desbaratar o património construído", foi entretanto subscrito por 1100 pessoas.


Graça Barbosa Ribeiro, Público, 19/02/08