A iniciativa, às 17:00, no Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV), é promovida pelos subscritores de um manifesto que critica a política cultural da Câmara Municipal de Coimbra.
Intitulado "Pelo direito à cultura e pelo dever de cultura!", o documento, inicialmente subscrito por 130 cidadãos de Coimbra, foi divulgado a 23 de Janeiro, desencadeando um movimento de opinião que congrega actualmente mais de 1100 signatários.
"O balanço que fazemos é muito positivo. Atingimos já os nossos principais objectivos", declarou hoje à agência Lusa um dos promotores do movimento, o encenador João André, professor de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (UC).
João André disse que "pôr um pouco as pessoas a falar" e "fazer uma avaliação crítica" da política cultural do município de Coimbra, incluindo através de um blog criado pelo grupo cívico "Os Amigos da Cultura" - promotor do abaixo-assinado -, são alguns dos objectivos.
Ao apresentarem o movimento, no dia 23 de Janeiro, os promotores acusaram a Câmara Municipal de assumir no plano cultural um papel "destruidor do potencial de criação artística" da cidade.
No documento "Pelo direito à cultura e pelo dever de cultura!", afirmam que a autarquia "já não se limita a não apoiar devidamente a actividade cultural que aqui é feita".
"Assume-se, pelo contrário, como um elemento dificultador e tendencialmente destruidor do potencial de criação artística que a cidade possui e que é uma das suas principais mais-valias", acrescentam.
Na quarta-feira, no TAGV, participam no debate público "Cidade, Arte e Política - o valor estratégico da cultura", além do deputado Manuel Maria Carrilho e do director regional da Cultura António Pedro Pita, ambos filósofos, o pró-reitor para a Cultura da Universidade local, José António Bandeirinha, o economista José Reis (ex-secretário de Estado do Ensino Superior) e a socióloga Paula Abreu, investigadora do Centro de Estudos Sociais da UC.
A moderação do debate cabe ao professor universitário Abílio Hernandez, antigo presidente da Coimbra 2003 - Capital Nacional da Cultura.
Em comunicado, os organizadores realçam que Manuel Maria Carrilho, enquanto ministro da Cultura, entre 1995 e 2000, "esteve directamente ligado à concepção, ao financiamento e à construção de dois dos principais equipamentos municipais da cidade" nesta área: o Centro de Artes Visuais e o Teatro da Cerca de São Bernardo.
Entre os signatários do abaixo-assinado estão os constitucionalistas Gomes Canotilho e Vital Moreira, o professor Abílio Hernandez, a arqueóloga Adília Alarcão, o bastonário da Ordem dos Advogados, António Marinho Pinto, o antigo secretário de Estado do Ensino Superior José Reis, o director do TAGV, Manuel Portela, e o filósofo João André.
José Manuel Pureza, professor de Relações Internacionais da Universidade de Coimbra, e António Arnaut, advogado e antigo ministro dos Assuntos Sociais, são outros dos subscritores.
Na altura na apresentação do movimento, o presidente da Câmara de Coimbra, o social-democrata Carlos Encarnação, disse à Lusa que as críticas destes cidadãos "são injustas", tendo em conta, designadamente, os investimentos que a autarquia efectuou nos últimos seis anos na área dos novos equipamentos culturais.
Desvalorizando o conteúdo do texto divulgado, que considerou "muito pobre do ponto de vista cultural", Carlos Encarnação realçou que a autarquia investiu, desde 2002, 4,7 milhões de euros na construção da Oficina Municipal do Teatro e do Teatro da Cerca de S. Bernardo.
CSS, Lusa, 19/02/08