(Jornal de Notícias, 21 de Fevereiro de 2008)
Por que será que de repente o presidente da Câmara decidiu concluir e aprovar o protocolo com a Escola da Noite? Por que será que isto aconteceu depois de anos de acusações àquela companhia teatral e de resistência quanto ao modo de utilização do Teatro da Cerca de São Bernardo?
É na verdade estranho, tanto mais que o presidente invocava questões de princípio no desacordo com a Escola da Noite, argumentando com a impossibilidade de aquele equipamento municipal ser gerido unicamente por uma companhia privada.
Claro que o Estádio Municipal de Coimbra, equipamento municipal destinado a eventos desportivos de natureza variada, pôde ser entregue pelo mesmo presidente directamente, sem concurso, a um clube de futebol, quando até já se sabia que este tinha acordado o seu "trespasse" a uma empresa privada.
E, por que será que de repente vai reabrir a Sala da Cidade com uma exposição, depois de ter sido fechada e entregue à Igreja? Encerrada por vários anos, sem qualquer razão objectiva mas como se pode concluir por pura revanche partidária e na tentativa de demarcação do Executivo anterior, vai reabrir... de repente. Por que será?
Estando perante alterações tão repentinas só pode concluir-se que terá havido algo de novo e relevante para o presidente Carlos Encarnação alterar decisões de fundo.
O que terá levado, depois de seis anos de gestão autárquica em que conseguiu, com método e perseverança, destruir vários projectos culturais e afrontar todos aqueles que se iam manifestando preocupados com a vil tristeza da política cultural da Câmara, rotulando as suas preocupações de amiguismo, a alterar, de um momento para o outro, toda essa visão?
A resposta estará no documento "Pelo Direito à Cultura e pelo Dever de Cultura" e em todo o movimento que se tem vindo a desenvolver de denúncia e de repúdio pelo desastre cultural a que esta Câmara conduziu Coimbra nestes últimos anos.
Estão, por isso, os autores e promotores da iniciativa de parabéns porque conseguiram que um presidente de Câmara tão cheio de si tenha começado a perceber alguns dos múltiplos erros da sua gestão autárquica. É ainda significativo que assim seja, porque o dr. Carlos Encarnação mais não fez do que desvalorizar aquele documento e os seus subscritores. Subscritores que já são mais de mil e que, segundo ele, terão assinado um documento menor, de muito pouca qualidade e sem o terem lido.
Claro que o dr. Carlos Encarnação já percebeu o erro de avaliação que cometeu e que agora tentará corrigir o tiro, só que talvez não tenha percebido que já não vai a tempo de esconder os resultados de dois mandatos de absoluta pobreza cultural, vazios desde o primeiro momento de uma ideia mínima de política cultural e sobretudo da sua particular importância para uma cidade como Coimbra.
Por muito que não queira, o dr. Carlos Encarnação foi descoberto - o presidente da Câmara está culturalmente nu.
Mas veja-se a força das coisas. O que um documento menor, de muito pouca qualidade, já conseguiu fazer.
É na verdade estranho, tanto mais que o presidente invocava questões de princípio no desacordo com a Escola da Noite, argumentando com a impossibilidade de aquele equipamento municipal ser gerido unicamente por uma companhia privada.
Claro que o Estádio Municipal de Coimbra, equipamento municipal destinado a eventos desportivos de natureza variada, pôde ser entregue pelo mesmo presidente directamente, sem concurso, a um clube de futebol, quando até já se sabia que este tinha acordado o seu "trespasse" a uma empresa privada.
E, por que será que de repente vai reabrir a Sala da Cidade com uma exposição, depois de ter sido fechada e entregue à Igreja? Encerrada por vários anos, sem qualquer razão objectiva mas como se pode concluir por pura revanche partidária e na tentativa de demarcação do Executivo anterior, vai reabrir... de repente. Por que será?
Estando perante alterações tão repentinas só pode concluir-se que terá havido algo de novo e relevante para o presidente Carlos Encarnação alterar decisões de fundo.
O que terá levado, depois de seis anos de gestão autárquica em que conseguiu, com método e perseverança, destruir vários projectos culturais e afrontar todos aqueles que se iam manifestando preocupados com a vil tristeza da política cultural da Câmara, rotulando as suas preocupações de amiguismo, a alterar, de um momento para o outro, toda essa visão?
A resposta estará no documento "Pelo Direito à Cultura e pelo Dever de Cultura" e em todo o movimento que se tem vindo a desenvolver de denúncia e de repúdio pelo desastre cultural a que esta Câmara conduziu Coimbra nestes últimos anos.
Estão, por isso, os autores e promotores da iniciativa de parabéns porque conseguiram que um presidente de Câmara tão cheio de si tenha começado a perceber alguns dos múltiplos erros da sua gestão autárquica. É ainda significativo que assim seja, porque o dr. Carlos Encarnação mais não fez do que desvalorizar aquele documento e os seus subscritores. Subscritores que já são mais de mil e que, segundo ele, terão assinado um documento menor, de muito pouca qualidade e sem o terem lido.
Claro que o dr. Carlos Encarnação já percebeu o erro de avaliação que cometeu e que agora tentará corrigir o tiro, só que talvez não tenha percebido que já não vai a tempo de esconder os resultados de dois mandatos de absoluta pobreza cultural, vazios desde o primeiro momento de uma ideia mínima de política cultural e sobretudo da sua particular importância para uma cidade como Coimbra.
Por muito que não queira, o dr. Carlos Encarnação foi descoberto - o presidente da Câmara está culturalmente nu.
Mas veja-se a força das coisas. O que um documento menor, de muito pouca qualidade, já conseguiu fazer.