O catedrático José Reis disse ontem em Coimbra que o lugar de Coimbra no país sofre "múltiplas ameaças", incluindo ao nível cultural, devido a "políticas públicas que lhe são hostis".
"O papel e o lugar da cidade está sujeito a múltiplas ameaças" no contexto nacional, disse José Reis, considerando que os cidadãos de Coimbra devem também "assumir-se, todos, como parte do problema". O economista e antigo secretário de Estado do Ensino Superior intervinha no Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV), num debate sobre "o valor estratégico da cultura" na cidade do Mondego, promovido pelos subscritores de um manifesto, que já congrega mais de 1100 assinaturas e critica a política cultural da Câmara Municipal de Coimbra.
"A imagem que projectamos da cidade e das nossas instituições não é a melhor", admitiu, numa apreciação negativa do papel de diferentes entidades, incluindo a autarquia, presidida pelo social-democrata Carlos Encarnação, e a Universidade, liderada pelo reitor Seabra Santos.
Na sua opinião, a Câmara Municipal de Coimbra "é o exemplo de um causador de problemas, quando se trata de discutir" as questões que se colocam actualmente na área cultural.
José Reis criticou a política cultural da autarquia, a qual acusou de "ambicionar a pacatez"e "não se dar bem com as diferenças".
As "múltiplas ameaças" que, em seu entender, prejudicam Coimbra, quando comparada com outras cidades de Portugal, radicam em "políticas públicas que lhe são desfavoráveis, se não mesmo hostis".
"A cultura contribui para um meio acolhedor e competitivo" e "Coimbra não pode desperdiçar o capital que tem" em domínios como a ciência, a saúde, a educação, o lazer e a cultura, defendeu o economista.
Por seu turno, o professor Abílio Hernandez, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (UC), frisou que os agentes culturais da cidade prestam um "serviço público" à comunidade, "como os padeiros e os juízes".
A cultura "é um verdadeiro espaço público para os cidadãos", acentuou o ex-presidente da Coimbra 2003 - Capital Nacional da Cultura.
"A identidade de uma cidade faz-se em diálogo como os cidadãos e com as outras cidades", acrescentou.
Hernandez, referindo-se em concreto a Coimbra, lamentou "o descentramento arbitrário da cidade", em resultado da "especulação imobiliária e do cimento" e da proliferação de centros comerciais.
"Quando vivemos na Babilónia, sabemos que há uma Jerusalém, uma cidade que nós projectamos", disse o arquitecto José António Bandeirinha, recorrendo a metáforas bíblicas do Antigo Testamento.
O pró-reitor da Cultura da Universidade de Coimbra considerou "impensável falar de uma cultura urbana sem falarmos na transformação" que ela opera nas cidades.
Diário As Beiras, 21 de Fevereiro de 2008.
"O papel e o lugar da cidade está sujeito a múltiplas ameaças" no contexto nacional, disse José Reis, considerando que os cidadãos de Coimbra devem também "assumir-se, todos, como parte do problema". O economista e antigo secretário de Estado do Ensino Superior intervinha no Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV), num debate sobre "o valor estratégico da cultura" na cidade do Mondego, promovido pelos subscritores de um manifesto, que já congrega mais de 1100 assinaturas e critica a política cultural da Câmara Municipal de Coimbra.
"A imagem que projectamos da cidade e das nossas instituições não é a melhor", admitiu, numa apreciação negativa do papel de diferentes entidades, incluindo a autarquia, presidida pelo social-democrata Carlos Encarnação, e a Universidade, liderada pelo reitor Seabra Santos.
Na sua opinião, a Câmara Municipal de Coimbra "é o exemplo de um causador de problemas, quando se trata de discutir" as questões que se colocam actualmente na área cultural.
José Reis criticou a política cultural da autarquia, a qual acusou de "ambicionar a pacatez"e "não se dar bem com as diferenças".
As "múltiplas ameaças" que, em seu entender, prejudicam Coimbra, quando comparada com outras cidades de Portugal, radicam em "políticas públicas que lhe são desfavoráveis, se não mesmo hostis".
"A cultura contribui para um meio acolhedor e competitivo" e "Coimbra não pode desperdiçar o capital que tem" em domínios como a ciência, a saúde, a educação, o lazer e a cultura, defendeu o economista.
Por seu turno, o professor Abílio Hernandez, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (UC), frisou que os agentes culturais da cidade prestam um "serviço público" à comunidade, "como os padeiros e os juízes".
A cultura "é um verdadeiro espaço público para os cidadãos", acentuou o ex-presidente da Coimbra 2003 - Capital Nacional da Cultura.
"A identidade de uma cidade faz-se em diálogo como os cidadãos e com as outras cidades", acrescentou.
Hernandez, referindo-se em concreto a Coimbra, lamentou "o descentramento arbitrário da cidade", em resultado da "especulação imobiliária e do cimento" e da proliferação de centros comerciais.
"Quando vivemos na Babilónia, sabemos que há uma Jerusalém, uma cidade que nós projectamos", disse o arquitecto José António Bandeirinha, recorrendo a metáforas bíblicas do Antigo Testamento.
O pró-reitor da Cultura da Universidade de Coimbra considerou "impensável falar de uma cultura urbana sem falarmos na transformação" que ela opera nas cidades.
Diário As Beiras, 21 de Fevereiro de 2008.