Reis Torgal: Coimbra não é (não pode ser) uma cidade provinciana

O historiador Luís Reis Torgal, um dos 160 signatários iniciais do texto "Pelo direito à cultura e pelo dever de cultura!" acaba de enviar ao nosso blog este depoimento, no qual pormenoriza as razões porque aceitou subscrevê-lo.

Embora entenda que o texto deveria ser "mais estrutural e menos conjuntural", o ex-professor da Faculdade de Letras afirma concordar com ele "no essencial".

Acrescenta, no entanto, que preferia que ele fosse "mais alargado a outras realidades que são também 'cultura'", e enumera cinco aspectos relativos "à acção (ou à falta dela)" da Câmara Municipal de Coimbra que deviam constar do documento: o desaparecimento de "casas de espectáculo de referência" (o Teatro Avenida, o Tivoli e o Sousa Bastos); a ausência de uma política cultural para a "baixa" e para a "alta" da cidade, com o consequente desaparecimento de espaços de tertúlia, de encontro e de memória; a falta de atenção dada a lojas tradicionais e edifícios antigos no centro histórico da cidade, ameaçados de ruína; o completo desaparecimento dos eléctricos - "verdadeiros museus móveis"; e, finalmente, a indefinição quanto à utilização futura do espaço actualmente ocupado pela Penitenciária, que, em seu entender, deveria acolher "uma grande Biblioteca Universitária e Municipal".

Recusando-se a entrar na discussão entre "cultura erudita" e "cultura popular", discussão que "só o provincianismo pode acender", Torgal conclui, no depoimento que pode ser lido na íntegra aqui, que "Coimbra não é (não pode ser) uma cidade provinciana, como não o é a sua universidade".

Quarta-feira, 6 de Fevereiro de 2008, 10:48h.