A intervenção das autarquias no domínio da cultura "não tem tido critério, nem orientação", tem sido feita de "forma avulsa", denuncia Paula Abreu, uma socióloga e investigadora do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, no debate que ontemao teve lugar no Teatro Académico Gil Vicente, em Coimbra.
Não há, naquela intervenção, uma estratégia, nem uma política, o papel das câmaras municipais, em relação à área da cultura, tem-se reduzido a "uma intervenção avulsa, que resulta num desbaratar de recursos", acusa ainda a especialista em cidades e culturas urbanas, que falava, ontem, ao final da tarde, no debate "Cidade, arte e política: o valor estratégico da cultura", promovido pelos primeiros subscritores do manifesto "Pelo direito à cultura e pelo dever à cultura", divulgado em Coimbra em final de Janeiro.
"As actividades culturais são hoje indispensáveis à actividade económica" e à "criação de laços de identidade", adverte Paula Abreu, sublinhando que se deve pedir às autarquias que, neste plano, "comecem a pensar de forma estratégica e não de forma avulsa" e que, por outro lado, "não pensem que podem atirar para o Estado central essa responsabilidade". Durante muito tempo, foi o poder central a mandar na cultura, mas, recorda a socióloga, houve um recuo e as autarquias têm vindo a assumir essa intervenção, primeiro de uma "forma assistencialista", depois com o apoio a acontecimentos, agora sob diversas formas, mas sempre sem qualquer estratégia.
Falta a Coimbra uma estratégia, "falta o estabelecimento de uma política cultural", diz Abílio Hernandez, docente universitário e ex-director de "Coimbra, Capital Nacional da Cultura".
Mas essa política, sustenta ainda, tem de ser "pensada a partir de valores e não de objectivos, a cultura tem de ser pensada a partir do primado dos valores e de uma consciência cívica".
A Câmara de Coimbra, admite José Reis, professor da Faculdade de Economia de Coimbra, é "um causador de problemas quando se trata de debater estas questões". A cultura, lembra, "também é parte da solução do desenvolvimento urbano" e "Coimbra não pode desperdiçar o capital que tem nestes domínios", mas o antigo secretário de Estado e ex-presidente da Comissão de Coordenação da Região Centro, admite que a cidade o "esteja a fazer".
João Fonseca, Diário de Notícias, 21 de Fevereiro de 2008.
Não há, naquela intervenção, uma estratégia, nem uma política, o papel das câmaras municipais, em relação à área da cultura, tem-se reduzido a "uma intervenção avulsa, que resulta num desbaratar de recursos", acusa ainda a especialista em cidades e culturas urbanas, que falava, ontem, ao final da tarde, no debate "Cidade, arte e política: o valor estratégico da cultura", promovido pelos primeiros subscritores do manifesto "Pelo direito à cultura e pelo dever à cultura", divulgado em Coimbra em final de Janeiro.
"As actividades culturais são hoje indispensáveis à actividade económica" e à "criação de laços de identidade", adverte Paula Abreu, sublinhando que se deve pedir às autarquias que, neste plano, "comecem a pensar de forma estratégica e não de forma avulsa" e que, por outro lado, "não pensem que podem atirar para o Estado central essa responsabilidade". Durante muito tempo, foi o poder central a mandar na cultura, mas, recorda a socióloga, houve um recuo e as autarquias têm vindo a assumir essa intervenção, primeiro de uma "forma assistencialista", depois com o apoio a acontecimentos, agora sob diversas formas, mas sempre sem qualquer estratégia.
Falta a Coimbra uma estratégia, "falta o estabelecimento de uma política cultural", diz Abílio Hernandez, docente universitário e ex-director de "Coimbra, Capital Nacional da Cultura".
Mas essa política, sustenta ainda, tem de ser "pensada a partir de valores e não de objectivos, a cultura tem de ser pensada a partir do primado dos valores e de uma consciência cívica".
A Câmara de Coimbra, admite José Reis, professor da Faculdade de Economia de Coimbra, é "um causador de problemas quando se trata de debater estas questões". A cultura, lembra, "também é parte da solução do desenvolvimento urbano" e "Coimbra não pode desperdiçar o capital que tem nestes domínios", mas o antigo secretário de Estado e ex-presidente da Comissão de Coordenação da Região Centro, admite que a cidade o "esteja a fazer".
João Fonseca, Diário de Notícias, 21 de Fevereiro de 2008.