João Frazão
(Jornal de Notícias, 26 de Janeiro de 2008)
Cento e trinta personalidades de Coimbra juntaram-se contra a degradação da política cultura da Câmara Municipal, subscrevendo um texto com o título desta crónica. À hora em que acabei de escrever já eram três vezes mais.
Dando sequência a um anterior manifesto, de 2006, assinado por 60 homens e mulheres da Cultura e que tinha como motivo próximo o corte de cerca de 60% no Orçamento municipal desta área, este é mais um oportuno e importante grito de alerta.
Por um lado, porque não só se mantém como se agravam as razões de queixa e de protesto. Tomando como elemento de comparação o Orçamento para 2008, verificamos que a quebra desde 2004 até hoje é de mais de 80%. Mais de 2007 para 2008 o peso o Orçamento da Cultura passa de 3,6% para 2,5% do total.
Estamos assim reduzidos às despesas de manutenção da estrutura e talvez nem chegue para isso.
Não há dinheiro sequer para um protocolo regular com o Teatro Académico Gil Vicente, o palco maior da Cultura de Coimbra, e trata-se com desdém e mesmo desprezo a Escola da Noite, o Centro de Artes Visuais e tantos outros agentes culturais.
O vereador do pelouro da Cultura, Mário Nunes afirmou-se resignado com a "fatia" do Orçamento que lhe foi atribuída, dizendo que "é mais curto para todos". Pelo meio veio já a estafada desculpa da "conjuntura económica nacional, que não permite mais". Mas segundo as palavras do vereador, estarão "contempladas as rubricas principais" que ele queria, e revelou que, "por isso, estou bem".
Ficamos descansados em saber que o senhor está bem. Ainda que seja só para gerir uns trocados, é melhor que seja feito com alegria.
Por outro lado, porque não só se mantém o protesto, como se alargam aqueles que dizem basta!
Aqueles que, ao contrário do senhor vereador, não se resignam e ousam sonhar com um papel cultural de Coimbra, na actualidade, que prossiga as melhores tradições desta cidade do conhecimento, no caminho da democratização da Cultura. Aqueles que sabem que não é deitar dinheiro à rua, uma política que projecte e invista neste imenso potencial, que compreenda o valor emancipador da Cultura e do conhecimento, que assuma a Cultura como um dos principais factores de afirmação independente e de desenvolvimento local e nacional.
No Encontro Nacional do PCP sobre a Cultura, afirmámos que "se a democratização cultural depende da criação de condições materiais para a sua efectivação, também os avanços que consigamos na democratização da Cultura produzirão efeitos na economia, no desenvolvimento e na modernização económico-social, porque aquela representa a qualificação do trabalho que é a principal força produtiva. A democratização da Cultura é um factor de democratização da sociedade, porque proporcionará uma participação e intervenção crescentes dos trabalhadores, das classes mais vitalmente interessadas na democracia, no conjunto da vida social e política". Por isso mesmo, pela nossa parte, daremos um saltinho a http//amigosdacultura2008.blogspot.com.
Apareça também por lá!
(Jornal de Notícias, 26 de Janeiro de 2008)
Cento e trinta personalidades de Coimbra juntaram-se contra a degradação da política cultura da Câmara Municipal, subscrevendo um texto com o título desta crónica. À hora em que acabei de escrever já eram três vezes mais.
Dando sequência a um anterior manifesto, de 2006, assinado por 60 homens e mulheres da Cultura e que tinha como motivo próximo o corte de cerca de 60% no Orçamento municipal desta área, este é mais um oportuno e importante grito de alerta.
Por um lado, porque não só se mantém como se agravam as razões de queixa e de protesto. Tomando como elemento de comparação o Orçamento para 2008, verificamos que a quebra desde 2004 até hoje é de mais de 80%. Mais de 2007 para 2008 o peso o Orçamento da Cultura passa de 3,6% para 2,5% do total.
Estamos assim reduzidos às despesas de manutenção da estrutura e talvez nem chegue para isso.
Não há dinheiro sequer para um protocolo regular com o Teatro Académico Gil Vicente, o palco maior da Cultura de Coimbra, e trata-se com desdém e mesmo desprezo a Escola da Noite, o Centro de Artes Visuais e tantos outros agentes culturais.
O vereador do pelouro da Cultura, Mário Nunes afirmou-se resignado com a "fatia" do Orçamento que lhe foi atribuída, dizendo que "é mais curto para todos". Pelo meio veio já a estafada desculpa da "conjuntura económica nacional, que não permite mais". Mas segundo as palavras do vereador, estarão "contempladas as rubricas principais" que ele queria, e revelou que, "por isso, estou bem".
Ficamos descansados em saber que o senhor está bem. Ainda que seja só para gerir uns trocados, é melhor que seja feito com alegria.
Por outro lado, porque não só se mantém o protesto, como se alargam aqueles que dizem basta!
Aqueles que, ao contrário do senhor vereador, não se resignam e ousam sonhar com um papel cultural de Coimbra, na actualidade, que prossiga as melhores tradições desta cidade do conhecimento, no caminho da democratização da Cultura. Aqueles que sabem que não é deitar dinheiro à rua, uma política que projecte e invista neste imenso potencial, que compreenda o valor emancipador da Cultura e do conhecimento, que assuma a Cultura como um dos principais factores de afirmação independente e de desenvolvimento local e nacional.
No Encontro Nacional do PCP sobre a Cultura, afirmámos que "se a democratização cultural depende da criação de condições materiais para a sua efectivação, também os avanços que consigamos na democratização da Cultura produzirão efeitos na economia, no desenvolvimento e na modernização económico-social, porque aquela representa a qualificação do trabalho que é a principal força produtiva. A democratização da Cultura é um factor de democratização da sociedade, porque proporcionará uma participação e intervenção crescentes dos trabalhadores, das classes mais vitalmente interessadas na democracia, no conjunto da vida social e política". Por isso mesmo, pela nossa parte, daremos um saltinho a http//amigosdacultura2008.blogspot.com.
Apareça também por lá!